segunda-feira, 10 de junho de 2013

FESTA DE STº ANTÓNIO NA CRUZ DE PEDRA

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Cruz de Pedra e seus Valores Culturais

Segundo dados recolhidos, presume-se que tudo começou no ano 1766, na Quinta da Boa Vista de Gaia, Casa das Lameiras, quando o seu proprietário António Cardoso de Meneses Vasconcelos, Sargento-mor de Infantaria, mandou construir uma capela em honra ao grande pregador Santo António, com as medidas de 5,5 m2 de comprimento e 4,10 m2 de largura.
No seu Altar, o Santo António a todos atende, fazendo aparecer os objectos perdidos. Livra dos maus vizinhos, protege a bicharada, sorri-se da Santa Ingenuidade da Povo, espreita alegre os seus folguedos e acima de tudo, empurra os pares dos namorados a casar e levá-los à Igreja cobertos de alecrim e rosmaninho.
Curiosa e segundo as crónicas, é a escritura datada de 25 de Outubro de 1765, que estabelece o dote de 2$600 Reis por ano, com a obrigação da celebração de duas missas no dia de Santo António, uma rezada, outra cantada, ficando o seu filho mais velho ou a sua descendência a cumprir tal legado. E para sustento da capela, ficam obrigadas "umas casas na Rua dos Gatos (hoje Rua das Lameiras) denominada Casal da Rosa, a uma renda anual, representada por o foro de 8 Alqueires trigo, 10 de milho-alvo, 6 de centeio, meia pipa de vinho, 6 dúzias de molhos de palha piança, uma marrã de 2 arrobas, um leitão e 2 galinhas". Mais tarde e sempre no mês de Junho de cada ano, realizava-se a ronda de S. Sebastião, que percorria a antiga Rua das Molianas (hoje, Rua da Liberdade), subia a Cruz de pedra, descia pela Rua dos Gatos, esta devidamente iluminada com os seus lampiões em pedra com trémulas lamparinas em tigelinhas de barro, com paragem obrigatória na Casa das Lameiras, junto da Capela de Santo António, onde as gentes cantavam e bailavam ao som de uma banda musical e no ar estrelavam foguetes e morteiros, em honra do santo e só ao cair da noite a ronda regressava a S. Miguel, subúrbios da Vila. No entanto, o arraial continuava pela noite dentro até ao raiar do dia. Hoje a Quinta da Boa Vista de Gaia, foi absorvida pela voracidade do progresso e nos seus terrenos encontra-se instalado o Guimarães Shopping. Contudo, a antiga capela de Santo António, encontra-se implantada na Vivenda da Sagrada Família, na Freguesia de Tenões em Braga, juntamente com o Brasão da Casa das Lameiras e estatuetas que outrora existiram nos seus jardins, propriedade do Sr. Dr. Nicolau da Silva Gonçalves e ainda hoje continua a celebrar-se missa duas vezes no ano, no dia 8 de Dezembro (Sra. da Conceição e no dia 13 de Junho, dia de Santo António). Mas se nos levaram ingloriamente à Capela de Santo António, a Cruz de Pedra tem motivos de interesse e valores culturais que os seus moradores preservam com muito cuidado, o que os seus antepassados lhes legaram.


                                       
Cruzeiro do Senhor da Cruz de Pedra:

 Narra-nos a ilustre historiador vimaranense Padre António Ferreira Caldas, que por volta do ano de 1780, uns devotos chamados "Amaros", colocaram ao cimo da Rua da Alegria (hoje, Rua da Liberdade) o Cruzeiro de Pedra, por debaixo d'uma cobertura ou pequeno telhado sobre quatro colunas, dedicada com religiosidade ao Senhor da Agonia, tendo por nicho um Cristo pintado a óleo em madeira.

Reedificada em 1874, foi benzido solenemente na Páscoa do ano de 1875. Como é fácil de calcular que durante todos estes anos têm sofrido arranjos e restauros sempre com as valiosas ajudas da Câmara Municipal e Junta de Freguesia de Creixomil, com a estreita colaboração do povo da rua, pois este tradicional cruzeiro, foi legado à zona da Cruz de Pedra, donde lhe vem o nome do lugar, podendo considerar-se o Ex-Libris da rua e por tal motivo a população tem o privilégio e o dever de zelar e venerar o Senhor da Cruz de Pedra. Paragem obrigatória de muitos caminhantes que têm uma devoção muito especial por o Senhor da Agonia, obtendo do mesmo lenitivo para as suas dores, preocupações e problemas da vi
                          

Fornos da Cruz de Pedra
 Mencionar a Cruz de Pedra e não associar o seu nome aos Fornos da Cruz de Pedra, julgo ser uma heresia, na medida em que esta antiquíssima arte de olaria artesanal esteja ligada por laços indestrutíveis ao passado da nossa cidade de Guimarães. Pode dizer-se que aqui foi o berço de uma das mais antigas indústrias da Vila de Guimarães. A Olaria, pois nos seus subúrbios e arrabaldes fora da Vila amuralhada, existiram dezenas de fornos que fabricavam louças que vendiam ou trocavam nos mercadas ou feiras, à maneira estendal, tão alegre e pitoresco. Primeiro no Toural e mais tarde nas "Carvalhas de S. Francisco". São famosas não só em Portugal como no estrangeiro as célebres Cantarinhas das Prendas ou dos Namorados, que ainda continuam a fabricar nos Fornos da Cruz de Pedra. A sua história é riquíssima por a singela e tradição que encerra, traduzindo à evidencia os bons costumes das gentes minhotas. Esta peça tão artística, verdadeira obra de ante e bom gosto, ainda continua a servir para presentear por as entidades oficiais, quem nos visita e é muito procurada por turistas, que as adquirem com um sentimento muito amoroso.
Guimarães, Património Cultural da Humanidade, tem nas Cantarinhas dos Namorados o seu principal cartão-de-visita da nossa cidade. Pena é que o aspecto actual dos fornos seja bastante confrangedor. No entanto, existe a promessa da Câmara Municipal, que está para breve o início dos trabalhos da sua reabilitação e recuperação de forma a revitalizar aquele espaço, dotando-o com um Projecto de Reconversão Urbanística que contempla um pequeno auditório ao ar livre. Julgo que a sua reconstrução representa também uma forma de preservar um património diferente, como são as Olarias.

Mesma no seu centro e em frente ao Cruzeiro da Cruz de Pedra, encontra-se a Quinta do Costeado, casa brasonada, cuja história se encontra repleta de feitos históricos e lendas de encantar, como a riquíssima lenda da Menina Júlia, a menina que gastava de flores e que nas luarentas noites de Maio, na Quinta do Costeado choravam as árvores, pois dos seus ramos brotavam lágrimas de chuva em memória da sua menina. Talvez em memória do seu passado continuam a brotar lindas japoneiras e vistosas flores nos seus jardins que são muito procuradas por os seus moradores.
As Alminhas das Lameiras e do Salgueiral continuam a testemunhar aos passantes, marcos históricos da religiosidade das gentes vimaranenses.
A Cruz de Pedra, outrora inserida no importante pólo industrial têxtil, bairro castiço da periferia, hoje a laborar com outros produtos, um desses marcos em que é a Fábrica de Tecidos da Cruz de Pedra (muito famosos "Os Felpos da Cruz  de Pedra). Hoje, já é cidade pois encontra-se rodeada por blocos habitacionais importantes, caminhando a passos largos na vertente urbanística da cidade dos nossos dias e com as estruturas já criadas e mais-valias condizentes, tais como o Guimarães Shoping até o próprio Hospital e muito recentemente a instalação na sua área circundante da Cidade Desportiva com o Pavilhão Multiusos, piscinas e pista de atletismo, o Mercado Municipal e o recinto da Feira Semanal.

A Cruz de Pedra, lugar milenário coma a sua freguesia de Creixomil, acredita num futuro risonho, acompanhando o progresso, mas nunca esquecendo as suas raízes e história.

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